20 junho, 2007

Tudo bons rapazes / The Good Fellows

O envolvimento americano no apoio à Fatah tem implicações que "cavam mais fundo" o actual problema internacional criado desde o 9/11.

Bush, ao incentivar o envolvimento no médio-oriente condiciona fortemente a margem de manobra do seu sucessor. Manter artificialmente o regime palestiniano implicará forte ajuda económica, apoio militar, negociações continuadas com Israel, que não deixará de usar o controlo da política palestiniana para ganhar espaço nos territórios ocupados assim dando bastante mais problemas à próxima administração americana. A relação com os vizinhos, Líbano, Síria, Irão, Egipto, também será mais difícil de gerir.

Que faria o sucessor de Bush nas próximas eleições para reverter o esquema de presença militar no golfo pérsico e médio-oriente? A partir de agora tem menos liberdade. Foi mais eficaz a manobra que mandar mais trinta mil soldados para o Iraque.

Manobra estúpida de Bush? "Au contraire " muito inteligente segundo os fins da agenda neo-conservadora. Da agenda enconómica. Porque da política, Bush não quer saber.

Esta atitude, condiciona muito na política internacional e na economia mundial. O preço do petróleo passa por aqui, a taxa de juro americana, a europeia, o emprego e o desemprego europeu.

Blair, Sarkohzy, Durão(!) previsivelmente nada farão para inverter a situação. Os custos da “crise” "petrolífera" continuarão a ser pagos por nós. Os lucros, a ser ganhos pelas empresas americanas, europeias, russas e chinesas, que beneficiam da flutuação dos stocks de um recurso que não é assim tão escasso e tem preço artificial. Basicamente, o que fizeram desde a invasão do Iraque, foi aplicar a lógica de preço do mercado diamantífero ao mercado do petróleo. A artificialidade da manifestação da oferta, apresentada como externalidade, quando são os próprios agentes do mercado a gerir as condições em que a externalidade é produzida.

Falsificação.

Esta é a globalização, controlada, falsificada, errada, em que nós participamos apenas como consumidores, sem qualquer poder.

Fraude. Quando metermos gasolina da próxima vez, devemos pensar: "nã, não temos nada com isso".

Entretanto, vangloria-se a globalização, a que diz respeito a abertura de mercados, livre-concorrência, competição e deslocalização das produções, como se fosse real.

Não, a real, é esta, em que pagamos os lucros aos "hustlers" enquanto pensamos que é o mercado internacional a funcionar em função da escassez do recurso petrolífero.

Simpaticamente, o estado portugês, aproveita a onda e surfa na crista do consumidor, mantendo a flutuação do imposto percentual sobre os combustíveis.

Tudo bons rapazes.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro Junq, esta sua "análise" enferma da pecha habitual da obssessão antiamericana e, cada vez menos disfarçada, anti judeus.

Explique lá porque razão lógica deveriam os americanos, europeus e israelitas "apoiar" o Hamas.
POrque ganhou eleições?
Bem, o Hitler tb ganhou eleições e, contrariamente ao que pensa, uma democracia não é apenas eleger quem manda.
Isso seria a ditadura da maioria.
Não, meu caro, democracia é bastante mais do que isso, é separação de poderees, é estado de direito, é protecção das minorias, é tudo aquilo que você encontra nos países democráticos.
De resto, Abbas tb foi eleito democraticamente.

O apoio das democracias nunca poderia ir para o Hamas, a menos que cumprisse as condições que lhe foram claramente definidas: reconhecer Israel (o que implica alterar toda a Constituição do movimento que assenta, como devia saber, na destruição de Israel) renunciar à violência e respeitar acordos de estado.

Recusou-se a fazê-lo, estava à espera de quê?

O Hamas escolheu ir por aqui, as escolhas têm consequências.

Se você escolher aí no seu prédio largar baldes com água para cima do vizinho, espera o quê?
Que ele o convide para jantar?

Neste momento, o Hamas manobra às ordens do Irão e recebe apoio do Irão.
É perfeitamente natural que os americanos ajudem quem se lhe opoe.
A Fatah não é flor que se cheire, mas para nós, ocidente, é o único interlocutor cuja racionalidade se aproxima.

O que me espanta é que, sabendo que foi o Hamas que desencadeu a ofensiva ( muito bem planeada, por sinal, aquilo não foi de improviso, nem o resultado dos estados de alma de alguns )venha gente como você, dizer que a culpa é do Bush.

Bem, se a culpa é do Bush, então tudo o que acontece no mundo, seja para um lado como para o outro, é culpa do Bush.
Terramotos? Bush
Chuvas? Bush
Eliminação do Europeu de futebol? Bush.
Gases?
Bush.

Discussões irracionais e de cariz religioso, não me interessam. Você arranjou um sistema que lhe explica o mundo, ok, seja feliz com isso.
Pelos vistos esse sistema necessita de um belzebu de serviço.

Já percebi que é o Bush.

Quando diz que Abbas foi colocado no poder pelas armas americanas, não sei em que planeta vive...Abbas não ganhou umas eleições?
Foi o exército americano que se disfarçou e foi lá votar?
Bem, meu caro, vim aqui porque você me convidou...mas tenho algumas dificuldades em lidar com delírios.

Tire as lunetas da ideologia, livre-se das obsessões e seja sensato e racional, se quer que as suas "análises" tenham alguma credibilidade.

João Pereira da Silva disse...

Obrigado, Lidador. Radicalização descomprometida? Ou compromisso (eterno) com a radicalização?
Se um de nós está errado, quererá isto dizer que o outro está certo? Possivelmente não. Haverá uma terceira via?

Anónimo disse...

Só há uma via.
Despojar-se dos filtros ideológicos, recusar visões religiosas do mundo e estudar os assuntos.

Tem portanto muito caminho pela frente.

João Pereira da Silva disse...

"Explique lá porque razão lógica deveriam os americanos, europeus e israelitas "apoiar" o Hamas."
- Porque o voto popular é soberano e é reconhecido como tal.
Os "baldes de água" para cima do vizinho também são lançados do lado israelita. Ou então diz-me: a) que os colonatos estão a respeitar todos os acordos? b)Que o controlo da vida palestiniana por parte de Israel, respeita os acordo feitos?
Qual o problema de manobrar às ordens do Irão? A Palestina não pode escolher o seu alinhamento livremente?
Em função desse alinhamento - equilíbrio de poderes diplomático. Não seria essa a solução democrática, da nossa parte?
Israel é a parte forte no conflito. A guerra dos seis dias ensinou isso aos árabes.
Que contrapartidas foram dadas pelo Irão para que os EUA agora pudessem atacar o Hamas directamente sem qualquer, repito, sem qualquer, oposição do Irão?
De resto, parece-me caro Lidador, que introduz a mesma cassete que serve para combater quem apresente opinião conflituante consigo, e debita-a proficuamente.
Acho humildemente que não é preciso ler todos os livros do mundo para interpretar a realidade social e política... Ou é? (hei-de fazer um post a propósito) Esta é mutável, subjectiva, variável e tem tantas interpretações quantos os sujeitos. Ou será que devo puxar pelos galões literários para discutir consigo e mandá-lo ler os mesmos "catrapolhos" que leio para sincronizarmos vistas? Se são pessoais... não vale a pena, pois não?
Entretanto, Bush, não é belzebu, não tem cornos, mas sim, com certeza, é um simpático representante do piorzinho que a humanidade tem conhecido, e já houve, como sabe bem, Hitler por exemplo, e outros.
Só que este é produto democrático, pagamo-lo por isso, por ter sido eleito. Porque não ao Hamas?