07 junho, 2007

A doença senil do comunismo


Em http://arrastao.weblog.com.pt/ que tenho acompanhado com alguma regularidade leio, por vezes, coisas espantosas. Em algumas delas, os textos do Daniel Oliveira são uma positiva contribuição para reflexão e até alerta. Porém, noutras fico absolutamente pasmado.

A história repete-se e não nos ensina nada.
Sim, os jovens de hoje, que poderiam olhar para a história, enquanto por cá andam os velhos que a fizeram, parecem condenados a tornar-se velhos e por sua vez procuram activamente repeti-la, desprezando a oportunidade única de aprendizagem. Jovens, são por exemplo, Louçã e Daniel. Velhos são Jerónimo de Sousa e Odete Santos.

Os tempos de juventude dos primeiros são muito diferentes dos segundos mas os actuais jovens estão a ficar iguais aos velhos?

Já sabíamos desde Camões, que os velhos conservadores viviam no Restelo.
Na ditadura salazarista, alguns velhos fascistas mais influentes no regime também viviam perto de Belém.

Agora, os jovens esquerdistas que já podem viver perto de Belém, começam a ficar, semelhantes, velhos conservadores do Restelo. Mas querem conservar o quê?
Louçã, defende em congresso do bloco, a re-nacionalização, Daniel apoia e suporta o pensamento.

- Pasmo.

Então o centralismo proprietário da União Soviética não ensinou alguma coisa? O descontentamento que também levou à queda do muro de Berlim, a permitir Gorbachov e Ieltsin não conta para nada? A desestruturação do modelo marxista corrompido e levado ao extremo não levou a alguma conclusão? Uma pequenina que seja?
Ou Putin e aquilo que este representa de ameaça às novas liberdades dos europeus de leste e até talvez nossas, é uma razão suficiente para retornar à ideologia ortodoxa, re-tentando os fundamentos puristas da economia centralizada?

O estado português, ainda responsável por mais de 60% do consumo da riqueza produzida no Restelo, Caselas e Amadora, não é o que é, porque esteve durante quase todo o séc. XX, nas mãos de uma elite que controlava a maior parte da propriedade com o apoio do estado?

As nossas empresas públicas, 30 anos depois da revolução, não continuam a ser uma gigantesca rede de apoio empregatício, com um fim aparente de manter os lugares e cadeiras dos nacionais priveligiados em satisfeita comunhão economicamente protegida e sempre financiada?

Claro que conseguem cumprir funções sociais que a ineficiência não é completa, que algo vai melhorando. Naturalmente. Mas, pagar tantos impostos, para manter a estrutura actual, recebendo em troca serviços de qualidade sofrível é um objectivo?
A electricidade é cara, a saúde de má qualidade (nem sempre… mas é discutível no todo e em muitos particulares) mas a mão do estado, aquela que o bloco quer que volte a possuir muito, tem estado omnipresente na organização social. Demais.

As universidades privadas, um exemplo acabado de ineficiência e má qualidade foram fundadas com controlo e participação estatal, leia-se dos homens de estado no poder, com capacidade para montar os seus negócios privados, aproveitando o bom momento de participação nas decisões, escolhas e selecções de quem se põe onde a fazer o quê.

A discreta mão visível do estado. Sempre esta, pelo braço dos homens que o controlam.

Pasmado, pergunto, mas então o que poderia pensar, o bloco, em fazer ou dizer, numa situação nova, difícil, porque cada vez mais complexa, cheia de novos factores, tais como, sociedade da informação, democratização efectiva da comunicação descontando mesmo todas as menores objectividades dos empecilhantes jornalistas com a sua participação efectiva nos círculos de poder?

O espaço político é pleno de oportunidades, os tradicionais políticos da esquerda para a direita estão em descrédito deslizante. O voto no “menos pior” é, cada vez mais, a prática, o ultraliberalismo tem dado tiros no pé, um a seguir ao outro, e a direita afirmada, portuguesa é quase irrelevante.

Tantas possibilidades se abririam se os jovens (já não sei) bloquistas se afirmassem, não como fornecedores de alternativas, pois não acho que existam já preparadas para consumo, mas como pesquisadores activos de um modelo social alternativo, novo, e não um já testado, re-testado, putrefacto e inútil para o eleitorado.

Já consideraram um modelo central em que o estado deva ser reduzido? A democracia incrementada? O nepotismo, de esquerda, de direita, de centro, cima ou baixo, combatido? Em que a eficiência social e a competição estejam associados à protecção dos incapazes ou privilegiados tentando não criar mais incapazes e dependentes unindo a um coração protector, uma fria lógica de concorrência?

Onde a economia aberta seja vista como um bom modo de incentivar riqueza e criatividade? Como alternativa à guerra, por exemplo? E ao estado social de direito caiba o equilíbrio da sociedade e economia, participando activa e empenhadamente do ponto de vista da regulação e inactivamente ou minimamente na administração pública da propriedade?

A comunicação carregada de ideologia, de termos como esquerda de confiança, esquerda livre, solidária, etc., não pega num eleitorado que já não é capaz de se rever nas menores e ultrapassadas classificações tradicionais. São reduções de uma realidade que se intui bastante mais complexa e multi-dimensional. Insistir na imagem e transmissão de chavões e lutas populistas porque agradam potencialmente à grande massa que sofre da doença “pensão baixa” ou da doença “baixo nível de instrução” ou ainda da doença “não tenho amigos e família influentes” conduz a baixas percentagens de votos das mesmas massas. O eleitorado já não acredita que os políticos lutem por si. Até o eleitorado tem noção de que as suas doenças são consequências, não causas da enfermidade social da qual o bloco e outros se dizem ser "médicos". Enquanto isso, na esclerose geral da política, os “médicos” estão muito doentes também e pensam sobretudo em manter os “hospitais”.

Atacar a área eleitoral do PS com discursos como os do congresso, é menorizante para o eleitorado que ainda ouve ou tenta acreditar no bloco.

Em alternativa é auto-menorizante e só reduz o espaço que o bloco parecia poder ter.

Estarão condenados a dar tiros no pé, tal como os da direita radical, enquanto o sr. Sócrates, vivo, muito vivo e matreiro, ri e mantém o queijo na boca?

Perdão pelas metáforas.
Daniel Oliveira, roubei o título de um post teu e adulterei-o. Em vez de infantil, escrevi senil. Obrigado pelo motivo para escrever este.

1 comentário:

Anónimo disse...

este post é um bocado desprovido de sentido, nexo, inteligência ou utilidade.
é no fundo uma idiotice, ou, sendo mais radical, uma imbecilidade.